Quem sou eu

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Uma pessoa do bem que, apesar dos erros e acertos, ainda quer dar o melhor de si. Somos passíveis de errar mas, perssigo um ideal sincero: o de poder, a cada momento, aprimorar um pouco mais a essência de minh'alma Tento fazer e dar o melhor de mim a cada oportunidade que a vida oferece...Assim, acredito que, por menor que seja cada contribuição para com meus próximos, para com a humanidade e para com o planeta, sentir-me-ei cada vez mais feliz. Sou membro e discípula da Nova Acróple - Filial Belém - no curso de Filosofia À Maneira Clássica,uma das fontes para minha realização,harmonia e felicidade dentro deste maravilhoso UNIVERSO.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

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"O que for a profundeza do teu ser, assim será teu desejo. O que for o teu desejo, assim será tua vontade. O que for a tua vontade, assim serão teus atos. O que forem teus atos, assim será teu destino."
 
"Brhadaranyaka Upanishad"

Lindas Reflexões

Pensar em Deus é desobedecer a Deus, Porque Deus quis que o não conhecêssemos, Por isso não se mostrou... Sejamos simples e calmos, como os regatos e as árvores, e Deus amar-nos-á fazendo de nós belos como as árvores e os regatos, e dar-nos-á verdor na sua primavera, e um rio aonde ir ter quando acabemos! " Alberto Caeiro"

 "Faça uma nova fôrma para você com o poder da sua vontade. Aqueles que se superaram, vivem em paz, tanto no calor quanto no frio, no prazer quanto na dor, no elogio como na crítica. Para eles, um punhado de terra, uma pedra e ouro, são o mesmo. São imparciais e por isso se elevam a grandes alturas" Krishna"

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"Enquanto não amamos um animal, uma parte da nossa alma permanecerá adormecida.
" Anatole France" Image and video hosting by TinyPic

Obstáculos


Este texto que estou a reproduzir aqui não é na realidade um conto, mas antes uma meditação guiada, delineada em forma de sonho destinado a explorar as verdadeiras razões de alguns dos nossos fracassos. Permito-me sugerir-lhe que o leia atentamente, tentando deter-se uns instantes em cada frase, visualizando cada situação.




Vou caminhando por uma vereda.
Deixo que os meus pés me levem.
Os meus olhos pousam-se nas árvores, nos pássaros, nas pedras.
No horizonte recorta-se a silhueta de uma cidade.
Fixo nela o olhar para a distinguir bem.
Sinto que a cidade me atrai.
Sem saber como, dou-me conta de que nesta cidade posso encontrar tudo o que desejo.
Todas as minhas metas, os meus objetivos e os meus logros.
As minhas ambições e os meus sonhos estão nesta cidade.
Aquilo que quero conseguir, aquilo de que necessito, aquilo
que eu mais gostaria de ser, aquilo a que aspiro, aquilo que tento, aquilo pelo que trabalho, aquilo que sempre ambicionei, aquilo que seria o maior dos meus êxitos.
Imagino que tudo está nessa cidade.
Sem duvidar, começo a caminhar até ela.
Pouco depois de começar a andar, a vereda põe-se a subir pela encosta acima.
Canso-me um pouco, mas não importa.
Sigo.
Avisto uma sombra negra, mais adiante, no caminho.
Ao aproximar-me, vejo que uma enorme vala impede a minha passagem.
Receio… Duvido.
Desgosta-me não conseguir alcançar a minha meta facilmente.
De todas as maneiras, decido saltar a vala.
Retrocedo, tomo impulso e salto…
Consigo passá-la.
Recomponho-me e continuo a caminhar.
Uns metros mais adiante, aparece outra vala.
Volto a tomar impulso e também a salto.
Corro até à cidade: o caminho parece desimpedido.
Surpreende-me um abismo que detém o meu caminho.
Detenho-me.
É impossível saltá-lo.
Vejo que num dos lados há tábuas, pregos e ferramentas.
Dou-me conta de que estão ali para construir uma ponte.
Nunca fui habilidoso com as minhas mãos…
… penso em renunciar.
Olho para a meta que desejo… e resisto.
Começo a construir a ponte.
Passam horas, dias, meses.
A ponte está feita.
Emocionado, atravesso-a e ao chegar ao outro lado… descubro o muro.
Um gigantesco muro frio e húmido rodeia a cidade dos meus sonhos…
Sinto-me abatido…
Procuro a maneira de o evitar.
Não há forma.
Tenho de o escalar.
A cidade está tão perto…
Não deixarei que o muro impeça a minha passagem.
Proponho-me trepar.
Descanso uns minutos e tomo ar…
Rapidamente vejo,
de um lado do caminho,
uma criança que olha para mim como se me conhecesse.
Sorri-me com cumplicidade.
Faz-me vir à memória como eu próprio era… quando criança.
Talvez por isso me atrevo a expressar em voz alta a minha queixa.
— Porquê tantos obstáculos entre o meu objetivo e eu?
A criança encolhe os ombros e responde-me.
— Porque perguntas a mim?
Os obstáculos não existiam antes de tu chegares…
Foste tu que trouxeste os obstáculos.
Jorge Bucay
Contos para pensar
Cascais, Editora Pergaminho, 2004

Amizade E Sentido De Vida

A amizade foi tema filosófico, na Antiguidade clássica. Aristóteles prezava-a particularmente, colocando-a acima do amor, que ele tendia a desvalorizar e a associar ao prazer e ao erotismo.
Para Aristóteles, a amizade era um exercício entre «iguais», uma virtude partilhada por homens pertencentes à elite da época e de Atenas. Ela tinha pouco de fraternidade, de solidariedade, e envolvia um certo cunho restrito, abstrato, utilitário («Entre amigos, é regra que se receba e se retribua em grau igual, ou muito semelhante», disse  ele).
A amizade, para Aristóteles, tinha algo de egoísta («O homem é, para si mesmo, o seu melhor amigo, e, por consequência, deve amar-se a si mesmo acima de tudo»). Ela não incluía desconhecidos, estrangeiros ou as mulheres, que ele considerava «limitadas por natureza».
Podemos, naturalmente, perceber, ou tentar perceber Aristóteles. Temos que considerar a época, os seus preconceitos. E aceitar que a amizade, no sentido mais corrente e geral, pode ser bastante diferente do amor ou da fraternidade, no seu sentido mais exigente.
No entanto, escassas dezenas de anos depois de Aristóteles, Epicuro estabeleceu conceitos de amizade diferentes, e claramente mais avançados. Epicuro inscreveu a amizade numa filosofia de vida em que a cumplicidade, a solidariedade, a simpatia ou o prazer partilhado eram importantes.
A concepção de amizade de Epicuro está muito próxima da amizade moderna, e foi largamente partilhada, durante centenas de anos, por várias comunidades epicuristas, sem as exclusões sociais que Aristóteles concebia.
Num sentido mais geral e menos exigente, a amizade confunde-se, hoje, com convívio, simpatia, cumplicidade, solidariedade. Na visão corrente, a amizade não tem que envolver necessariamente uma relação profunda e ideal, ainda que a nossa exigência a coloque, por norma, muito acima das relações de circunstância, próprias dos simples círculos de conhecidos.
Como tudo o que é humano, a amizade contém em si a nossa ambivalência, as nossas contradições. Ela é frequentemente atraiçoada ou espezinhada. É uma das suas facetas, muito antigas. 
Seja como for, a amizade não é apenas um ideal, que os infortúnios mostram ser ilusório. A amizade existe. Necessitamos dela, criamo-la, com diferentes conteúdos, e diferentes exigências.
Podemos, em certos casos, pensar como Sartre, e dizer que «O Inferno são os outros», ou dizer, como Benjamin Franklin, que apenas «há três grandes amigos, na vida: a velha esposa, o velho cão, e dinheiro à mão».
Mas, na sua essência, tais afirmações não deixam de ser posições de ocasião, reflexos de momentos e sentimentos cáusticos e desencantados do homem e da vida, que não anulam a nossa persistente procura de amizade, e a importância e necessidade que lhe atribuímos.
A amizade, no seu sentido mais vasto, é hoje tão indispensável, ou mais indispensável, que no passado. Num mundo como o nosso, com relações tão abstratas e mercantilizadas, sobretudo a nível das grandes cidades, o espaço da amizade e o enriquecimento existencial que ela faculta, é-nos essencial.
Somos seres dependentes de afetos, dependentes dos outros, da camaradagem, da fraternidade, da solidariedade, da simpatia.
Não «vivemos só de pão», como diz Edgar Morin. O nosso eu só se concretiza e existe pelo eu dos outros, como um seu reflexo («Se não houver outros eu, não há eu», disse Tchuang-Tseu). Sem o calor da amizade e do amor, o mundo seria insuportável, lembra-nos também Aristóteles.

domingo, 30 de janeiro de 2011


“Oh bom homem! Há dois tipos de pessoas. Um torna o indeterminado determinado, faz com que as retribuições cármicas da vida presente sejam aquelas da vida futura; o que é leve no que é grave, e o que está para ser sofrido nesta vida humana seja sofrido no inferno. O ignorante torna as coisas graves.
O Segundo (tipo de pessoa) torna o que é determinado indeterminado, o que pertence à vida futura [acontecer] na vida presente, o que é grave no que é leve, e o que é do inferno no que é leve nesta vida humana.
Dos dois tipos, o primeiro é ignorante, e o outro é sábio. A pessoa sábia torna as coisas leves, e a pessoa ignorante as torna graves por natureza.”
Leia Mais no Sutra do Nirvana, Capítulo 38 – Sobre o Bodhisattva Rugido do Leão 6.

MUDE VOCÊ, MUDE O MUNDO !



O último lançamento do Ano!
O Atelier dos Copistas apresenta:

Mude você, mude o Mundo.
Prof. Lúcia Helena Galvão



Toda transformação no Mundo só pode ser efetiva com base no Ser Humano. Nosso mundo está carente de Valores, Virtudes, de Sabedoria!

A máxima do Oráculo de Delfos "Conhece-te a ti mesmo e conhecerás os deuses e o Universo" permanece mais atual do que nunca!

O Tatrak

Meditação Tratak

O Tratak é uma meditação em que se concentra a visão e a mente na chama de uma vela. equilibra os hemisférios do cérebro e activa a terceira visão.
Coloque uma pequena vela à sua frente, a cerca de um metro, ao nível dos olhos. Feche os olhos e concentre-se na respiração durante alguns momentos. Respire lentamente e relaxe todo o
corpo. então abra os olhos e olhe fixamente para a chama da vela durante alguns minutos. mantenha-se concentrado, permitindo que a imagem da chama se imprima na sua mente. Pestaneje as vezes que forem necessárias e feche os olhos caso comecem a doer ou a ficar molhados. Sinta a energia da chama a dirigir-se para a sua terceira visão. Sinta-a a despertar a sua glândula pineal, de modo a que ela produza a quantidade de melatonina necessária para que o seu sistema imunitário funcione na perfeição. Observe todos os seus pensamentos. após dois a três minutos, volte a fechar os seus olhos devagar para descansar um pouco.Se os seus pensamentos o desconcentrarem da meditação, observe-os simplesmente e volte a focalizar-se na chama da vela. repita esta sequência durante o tempo que achar necessário.

Humor Sobre A Vida

Rir dos outros, dos seus erros, das suas contradições, pode ser sinal de insensibilidade, grosseria. Mas rirmos de nós próprios, e das incoerências presentes nas nossas vidas e    pretensões, ou rirmos da vida do homem em geral, pode ser sinal de sensibilidade e abertura. Como diz Compte-Sponville, «quem faz de si próprio uma estátua - para sua glória humana ou como louvor à sua lei - não se pode queixar de ser suspeito de ter um coração duro ou de estar a fazer pose.»

Quem não for capaz de, em determinados momentos, rir de si e da sua vida, quem não for capaz de ver uma certa comédia humana na sua vida e na dos outros, ou está muito ferido, ou envelhecido, ou vive no primarismo mental.Não podemos levar tudo a rir, porque a vida tem um elemento duro e por vezes trágico. E também porque as nossas convicções e as nossas vidas – no que elas têm de autêntico e humilde - merecem o nosso respeito, e o dos outros. Mas há momentos em que o riso é salutar – momentos que podem, porventura, corresponder aos nossos momentos de maior lucidez.

Todos somos seres frágeis, sujeitos aos caprichos da sorte, às limitações dos nossos cérebros, ou aos nossos medos, o que alimenta mitos, pecados, ilusões, comportamentos quiméricos, incoerências entre o que se diz e o que se faz… Tudo isso faz parte das nossas vidas, e pode merecer o nosso riso.Encarar seriamente a vida, refletir sobre o seu sentido, é, no fundo, também sermos também capazes de rir das nossas contradições, e de introduzir – para bem da nossa saúde mental – pausas de riso na realidade séria das nossas vidas.

Os Seres Humanos

O homem continua largamente desconhecido de si mesmo".


Quem somos, no fundo de nós, por detrás das nossos nomes, das nossas opiniões convencionais, daquilo que fazemos na vida, por detrás daquilo que vemos nos outros e os outros vêem em nós, e mesmo por detrás daquilo que a ciência diz de nós?
Será que o homem é o louco sobre quem Jung ironizava, ao pedir para que lhe dessem um homem, para que ele o pudesse curar? Será que o homem é o Dr. Jerkyll que encerra dentro de si um Mister Hyde criminoso, e mais do que uma personalidade, e sentimentos contraditórios.
Será que «somos as coisas de que são feitos os sonhos», de que falava Shakespeare. Será que nos podemos elevar e transformar nos seres dotados de dignidade de que falava Pico de la Mirandola: «São as sementes que cada homem cultiva que amadurecerão e darão nele o seu fruto. Se forem vegetativas, será como uma planta. Se sensitivas, tornar-se-á brutal. Se racional, crescerá como um ser divino. Se intelectual, será como um anjo e filho de Deus»?
Spencer, ao caracterizar os indígenas do Leste Africano, há quase dois séculos, identificou facetas contraditórias que muitos autores identificam na natureza humana: «Tem simultaneamente bom carácter e coração duro; é batalhador, consciencioso, bom em determinado momento, cruel, impiedoso e violento noutro; supersticioso e grosseiramente irreligioso; valente e pusilânime, servil e dominador, teimoso e ao mesmo tempo volúvel, atido a pontos de honra, mas sem sinais de honestidade nos actos, avaro e económico, mas irreflectido e imprevidente.»
É provavelmente uma boa definição para um certo homem primitivo. Só que também somos seres culturais e seres éticos.
Somos capazes de mudar os nossos valores e comportamentos. Como diz William James, os seres humanos podem mudar as suas vidas pela alteração das suas atitudes mentais.
Podemos crescer eticamente. Podemos dominar parte dos nossos instintos e pulsões genéticas. E por isso podemos tornar-nos diferentes dos indígenas africanos descritos por Spencer.
Mais: o nosso pensamento dignifica-nos («Não é no espaço que devo procurar a minha dignidade, mas na direcção do meu pensamento», Pascal). Somos a consciência e o produto mais elaborado do Universo.
Como diz Edgar Morin, «Carregamos no seio da nossa singularidade, não apenas toda a humanidade, toda a vida, mas também todo o cosmos, incluindo o seu mistério, presente no fundo dos nossos seres». Somos seres criadores. Tudo passa pelo nosso cérebro, pelo nosso espírito. É ele que fabrica as verdades e os erros, e o que há de mais sublime no mundo.
E no entanto, o mal e a estupidez não deixam de estar presentes em nós. Às vezes caímos, somos agredidos, a vida revela-se cruel, e podemos pensar como Mark Twain e dizer que foi uma pena que Noé não tivesse chegado atrasado à arca.
No fundo encerramos em nós, também, a crueldade e a desumanidade da vida. Darwin mostrou que descendemos de formas de vida inferiores: o homem foi em tempos «arbusto e ave, e um peixe silenciosamente nadando nas águas», para usar a linguagem que Empédocles usou nas suas Purificações.
Numa perspectiva genética e evolucionista, encerramos em nós os reflexos de sobrevivência e de agressividade das formas de vida que nos antecederam. «Tudo o que ameaçava o homem das cavernas, perigos, trevas, fome, sede, fantasmas, demónios, tudo passou para o interior das nossas almas, tudo nos inquieta, nos angustia, nos ameaça por dentro» (Morin).
Acresce que somos também seres que podem diferir significativamente uns dos outros. Somos iguais, mas também diferentes. «O despertar envolve um mundo comum, mas o sono desvia cada um para o seu próprio mundo», diz, a propósito, um tanto enigmaticamente, Heraclito, que também achava que não deixamos de dormir, de viver num mundo ilusório, mesmo quando acordados.
Por todas estas razões, a célebre definição de Pascal do ser humano, na sua linguagem dura, é sem dúvida uma das mais poderosas que podemos aplicar ao ser ainda tão desconhecido que não deixamos de ser para nós próprios: «Que quimera é o homem? Que novidade, que monstro, que caos, que sujeito de contradição, que prodígio! Juiz de todas as coisas, verme imbecil; depositário da verdade, fossa de incerteza e de erro; glória e nojo do universo. Quem é capaz de deslindar esta embrulhada?»

Comentário Filosófico (A.D.)


Por Abel Ellwanger

Quem nunca teve um dia em que pensou nossa como o tempo passa rápido? Dizem que o tempo está passando muito rápido. As crianças crescem voando. A semana passa e ninguém sente. Quando se vê já é Natal e ninguém viu. Mas eis que fiquei pensando…
Será que é o tempo que está passando rápido por nós, ou somos nós que estamos passando ligeiros por ele? Caso tenhamos tempo para pensarmos bem, o tempo de hoje é igual ao que os nossos antepassados tiveram para viver. A diferença, talvez, resida no fato de que eles não tivessem esta estranha sensação de que a vida passa ligeira como num filme.
Creio que eles simplesmente viviam. Não sei o que foi que mudou a vida e nossa maneira de passar pelo tempo. Pode ter sido o avanço tecnológico ou o aumento da população que nos forçou a viver correndo de modo a evitar a fome e a miséria. Podem ser tantas coisas. E só uma posso dar como certa. Existe uma maneira melhor de viver e ela já foi aplicada e deixada de lado pelo homem com modo de vida ocidental. Este homem, não sabe mais lidar com o tempo, além de tantas outras coisas.
Deixa-o escorrer por entre os dedos desde o momento em que acorda sem despertar até a hora do sono, que tantas vezes nem vem. Colocou em seus palmtops tantas informações, precisa ler tantos livros, realizar tantos projetos, viver tantas vidas. Não consegue mais ouvir o tic tac que indica o tempo passar.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

O Quebrador De Pedras

Era uma vez um simples quebrador de pedras que estava insatisfeito consigo mesmo e com sua posição na vida. Um dia ele passou em frente a uma rica casa de um comerciante. Através do portal aberto, ele viu muitos objetos valiosos e luxuosos e importantes figuras que freqüentavam a mansão.
"Quão poderoso é este mercador!" pensou o quebrador de pedras.
Ele ficou muito invejoso disso e desejou que ele pudesse ser como o comerciante.
Para sua grande surpresa ele repentinamente tornou-se o comerciante, usufruindo mais luxos e poder do que ele jamais tinha imaginado, embora fosse invejado e detestado por todos aqueles menos poderosos e ricos do que ele.
Um dia um alto oficial do governo passou à sua frente na rua, carregado em uma liteira de seda, acompanhado por submissos atendentes e escoltado por soldados, que batiam gongos para afastar a plebe. Todos, não importa quão ricos, tinham que se curvar à sua passagem.
"Quão poderoso é este oficial!" ele pensou. "Gostaria de poder ser um alto oficial!"
Então ele tornou-se o alto oficial, carregado em sua liteira de seda para qualquer lugar que fosse, temido e odiado pelas pessoas à sua volta. Era um dia de verão quente, e o oficial sentiu-se muito desconfortável na suada liteira de seda. Ele olhou para o Sol. Este fulgia orgulhoso no céu, indiferente pela sua reles presença abaixo.
"Quão poderoso é o Sol!" ele pensou. "Gostaria de ser o Sol!"
Então ele tornou-se o Sol. Brilhando ferozmente, lançando seus raios para a terra sobre tudo e todos, crestando os campos, amaldiçoado pelos fazendeiros e trabalhadores. Mas um dia uma gigantesca nuvem negra ficou entre ele e a terra, e seu calor não mais pôde alcançar o chão e tudo sobre ele.
"Quão poderosa é a nuvem de tempestade!" ele pensou "Gostaria de ser uma nuvem!"
Então ele tornou-se a nuvem, inundando com chuva campos e vilas, causando temor a todos. Mas repentinamente ele percebeu que estava sendo empurrado para longe com uma força descomunal, e soube que era o vento que fazia isso.
"Quão poderoso é o Vento!" ele pensou. "Gostaria de ser o vento!"
Então ele tornou-se o vento de furacão, soprando as telhas dos telhados das casas, desenraizando árvores, temido e odiado por todas as criaturas na terra.
Mas em determinado momento ele encontrou algo que ele não foi capaz de mover nem um milímetro, não importasse o quanto ele soprasse em sua volta, lançando-lhe rajadas de ar. Ele viu que o objeto era uma grande e alta rocha.
"Quão poderosa é a rocha!" ele pensou. "Gostaria de ser uma rocha!"
Então ele tornou-se a rocha. Mais poderoso do que qualquer outra coisa na terra, eterno, inamovível. Mas enquanto ele estava lá, orgulhoso pela sua força, ele ouviu o som de um martelo batendo em um cinzel sobre uma dura superfície, e sentiu a si mesmo sendo despedaçado.
"O que poderia ser mais poderoso do que uma rocha?!?" pensou surpreso.
Ele olhou para baixo de si e viu a figura de um quebrador de pedras.
Fonte: http://www.nossacasa.net/SHUNYA/default.asp?menu=108

A Filosofia No Mundo

Sempre que fazemos, pensamos, vemos ou vivemos momentos em nossas vidas, a filosofia esta sempre presente, sendo parte integrante dela, analisando profundamente o passado em sua fonte, ou descrevendo como deveria ser em seu futuro. O homem é o principal objeto da filosofia.
Ignorada a sua importância, a filosofia sofre o preconceito quanto a sua utilidade e seu objetivo, sendo marginalizada dentre as demais ciências do conhecimento, pois não sendo uma ciência de exatas ou técnicas, ela é desprezada. Sua intenção é estimular consciência, o pensamento e alimentar sempre uma posição questionadora do homem, que conseqüentemente não é do interesse da classe dominante da sociedade, que poderá ser perigosa ter a essência da verdade á mostra.

A filosofia traz ao homem o desejo do conhecimento de si próprio, faz refletir sobre a sua posição no universo, sempre buscando a verdade e almejando uma utopia, está disponível para todos, mas poucos a usufruem, como é definido entre o sábio e as massas.
Se o homem começa a pensar filosoficamente, teria que mudar toda a sua vida radicalmente, pois seus conceitos mudariam, entretanto o medo do novo, do desconhecido e o comodismo da vida, acostumados aos problemas sociais e econômicos do dia a dia, não o fazem buscar a filosofia, vivendo assim em uma antifilosofia.

Entretanto, a antifilosofia também é um tipo de filosofia, se o homem em busca da sua verdade adota a filosofia, passará a interrogar sempre sobre tudo em seu universo, prevendo assim tendências neste mesmo universo, criando uma fusão entre a verdade atual e a revelação de seu futuro.
É conveniente para o homem moderno afastar-se da filosofia, pois, em meio de uma falsa democracia a qual vivemos, alem de corrupta, tem seu domínio não mãos de poucos que determinam a linha de vida política, econômica e social de muitos, objetivando só e exclusivamente o poder, ficando cegos para o que realmente acontece em seu meio.

Assim, cria-se uma tranqüilidade infinita, do pressuposto que o seu amanha será igual ao seu hoje, só com visões de melhoria socioeconômicas, não vendo que a nossa verdade hodierna tende a uma conseqüente extinção de toda a vida terrena, já que fingindo não ver, seguidas construções de maquinas para aniquilações, bombas, conflitos, poluições, armas e doenças químicas, terrorismo com atos cada dia mais hediondos, manipulação da radioatividade, violência e mortes nas cidades e estradas mundiais, alterações na natureza modificando irresponsavelmente o meio ambiente e afetando seu ciclo natural e seu equilíbrio, escassez de viveres, violência entre os semelhantes, e tudo isso se passa por despercebido como "normal e cotidiano" sem a preocupação de onde nos levará.

Embora desprezada e vitima de preconceito, a filosofia vivenciada dá ao homem a oportunidade de uma vida sã e virtuosa com o ideal de acesso livre à mente das civilizações, não se deixando iludir por uma falsa sensação de confiança e considerar a hipótese de uma inevitável catástrofe letal, que poderá extinguir a vida na terra. Ao contrário, o filósofo sempre será otimista mesmo diante de todas as adversidades, pois a carga que carrega consigo de responsabilidade diante da vida, não lhe é "pesada", não lhe traz cansaço já que, enquanto filósofo percebe de forma sempre amorosa, doce e natural o que é de sua responsabilidade enquanto ser humano: a postura de retidão e dever diante da humanidade, do mundo e do Universo.

A Arte Da Guerra


Autor: Sun Tzu, com adaptação de James Clavell;
Editora: Record, 8ª edição.

É um notável documento, escrito originalmente em chinês há aproximadamente 2.500 anos, cujos ensinamentos mantêm-se atualizados até nossos dias, podendo ser aplicados tanto na formação de militares como ao mundo dos negócios e na vida cotidiana de cada um. É um livro para ser lido não só por militares, mas por qualquer pessoa, pois aplica-se a todo e qualquer conflito, alcançando cada indivíduo com seu opositor, uma empresa com outra, concorrente ou aliada, e até mesmo o amante com sua amada.


Este extraordinário livro, escrito a mais de 2.500 anos, na China, começa assim:"A arte da guerra é de importância vital para o Estado. É uma questão de vida ou morte, um caminho tanto para a segurança como para a ruína. Assim, em nenhuma circunstância deve ser negligenciada".
O livro que começa com o capítulo dedicado a preparação dos planos; passa ao sobre a guerra efetiva; em seguida ao intitulado "A Espada Embainhada", que traz um dos grandes ensinamentos do autor, segundo o qual "o mérito supremo consiste em quebrar a resistência do inimigo sem lutar"; depois discorre sobre os pontos fracos e fortes de um exército; a maneira de manobrá-lo; táticas especiais para situações especiais; o exército em marcha; os diversos tipos de terrenos; quando atacar e quando não atacar; ataque pelo fogo; e termina com o capítulo sobre o emprego de espiões, totalizando treze capítulos, repletos de ensinamentos e experiências de combates e de vida, que foram registradas nessa obra por um filósofo que se tornou general, é um documento de grande valor para toda a humanidade e que merece ser lido e estudado por todos aqueles que buscam o conhecimento e principalmente a paz.
Em seu primeiro capítulo, um dos mais ricos em ensinamentos, que trata da preparação dos planos, Sun Tzu relata que a arte da guerra é governada por cinco fatores constantes, que são: a lei moral; o céu ; a terra; o chefe; o método e a disciplina. Depois de detalhar cada um desses fatores determina que estes devem ser familiares a cada general, e que quem os conhecer será vencedor, e quem não os conhecer fracassará. E afirma que pode prever a vitória ou a derrota analisando as seguintes comparações:

- Qual dos soberanos está impregnado com a lei moral?

- Qual dos dois generais tem mais competência?

- Com quem estão as vantagens oriundas do céu e da terra?

- Em que lado a disciplina é mais rigorosamente aplicada?

- Qual o exército mais forte?

- De que lado há oficiais e soldados mais bem treinados?

- Em que exército existe a absoluta certeza de que o mérito será mais apropriadamente recompensado e o demérito punido sumariamente?

Mas ensina que os planos devem ser modificados de acordo com as circunstâncias. E que toda operação militar tem o logro como base. E que por isso, quando formos capazes de atacar, devemos parecer incapazes; ao utilizar nossas forças, devemos parecer inativos; quando estivermos perto, devemos fazer o inimigo acreditar que estamos longe; quando longe, devemos fazê-los acreditar que estamos perto. Que devemos preparar iscas para atrair o inimigo. Devemos fingir desorganização e esmagá-lo. Que se ele estiver protegido em todos os pontos, devemos estar preparados para isso. Que se ele tem forças superiores, devemos evitá-lo. Que se o seu adversário é de temperamento irascível, deve procurar irritá-lo. Deve fingir estar fraco para que ele se torne arrogante. Se ele estiver tranqüilo, não lhe dê sossego. Se suas forças estão unidas, separe-as. Ataque-o onde ele se mostrar despreparado. E apareça quando não estiver sendo esperado.
No capítulo sobre a guerra efetiva o autor detalha os custos de organização de um exército e os efeitos desastrosos de uma guerra longa.Quando passa ao intitulado "A Espada Embainhada", ensina que "a gloria suprema consiste em quebrar a resistência do inimigo sem lutar", e que precisamos saber que há cinco coisas fundamentais para a vitória:

1 – será vencedor quem souber quando lutar e quando não lutar;

2 – será vencedor quem souber como manobrar tanto as forças superiores como as inferiores;

3 – será vencedor aquele cujo exército estiver animado do mesmo espírito em todos os postos;

4 – será vencedor quem, autopreparado, espera para surpreender o inimigo despreparado; e

5 – será vencedor quem tiver capacidade militar e não sofrer a interferência do soberano.

Sun Tzu afirma que "se conhecemos o inimigo e a nós mesmos, não precisamos temer o resultado de uma centena de combates. Se nos conhecemos, mas não ao inimigo, para cada vitória sofreremos uma derrota. Se não nos conhecemos nem ao inimigo, sucumbiremos em todas as batalhas".




Infelizmente pouco se sabe do autor ou de quando escreveu os treze capítulos de seu livro. Alguns o situam mais ou menos em 500 a. C., no Reino de Wu, na China, outros em 300 a. C., mas sabe-se que Sun Tzu foi um filósofo antes de se tornar um general. Um de seus comentadores, Su-ma Ch’ien, em 100 a. C., Aproximadamente, relata que seu livro "A Arte da Guerra", que discute todos os aspectos da guerra, do tático ao humano, chamou a atenção de Ho Lu, Rei de Wu, que o nomeou general. E a partir de então e durante quase duas décadas, até a morte de Sun Tzu e do rei, os exércitos de Wu venceram os seus inimigos tradicionais.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O Homem E Os Pássaros




Mozart e a Flauta Mágica

A Flauta Mágica, obra de Mozart, tem dois aspectos fascinantes: a história, quase infantil, que raramente chega às crianças, e a música que há 200 anos fascina os adultos.
Se a história de Lewis Carrol Alice no País das Maravilhas desafia claramente o leitor pela sua riqueza simbólica, dificilmente cifrada pelo adulto, a Flauta Mágica tem sido considerada, para os não iniciados, como uma história simplória, com versos medíocres, com uma moral primária e corriqueira.
O libreto de A Flauta Mágica parece ter sido escrito em 1731, relacionado com os Mistérios Egípcios. O próprio Mozart, como iniciado maçom, o conhecia certamente.
Eis a história: um príncipe (Tamino), e um caçador de pássaros (Papagueno), atendendo ao apelo de uma rainha (a Rainha da Noite), tentam resgatar a princesa (Pamina), sequestrada num castelo.
Para cumprir essa missão, Tamino e Papagueno recebem da Rainha da Noite, por intermédio das suas damas, um carrilhão e uma flauta mágicos, além de três gênios que serviriam de guias. São representados, na ópera, por três crianças.
Por caminhos diferentes, Tamino e Papagueno chegam ao palácio de Sarastro. Pamina está lá, realmente prisioneira, atormentada por um escravo mouro de Sarastro (Monostatos), que já tentara violá-la na ausência do amo.
Chega Papagueno e Monostatos foge. Entretanto, Tamino discute com um sacerdote do templo de Sarastro: este lhe diz que Sarastro não é mau, mas nobre e justo, e que um dia, ele, Tamino, compreenderá tudo. Isso abala completamente os propósitos iniciais de Tamino.
Os três acabam presos quando Sarastro chega. Manda chicotear o escravo, explica a Pamina que sua mãe, a Rainha da Noite, é uma mulher perigosa e determina que Tamino e Papagueno sejam submetidos às duras provas no templo, como, por exemplo, a prova do silêncio.
Se passarem por tais provas, entrarão para a irmandade. Tamino receberá ainda a mão de Pamina e Papagueno o que ele mais deseja na vida: uma mulher para se casar. Entretanto, Pamina, adormecida, desperta a luxúria de Monostatos. Mas chega então a Rainha da Noite e mostra que Sarastro tinha razão: ela aterroriza a filha e lhe dá, cheia de ódio, um punhal, para que assassine a Sarastro. Depois desaparece.
Monostatos, que viu tudo, chantageia Pamina. Contudo, chega Sarastro, que expulsa o mouro e tranqüiliza a rapariga, dizendo que naquele templo não há lugar para a vingança. Enquanto isso, Tamino vai passando nas provas, mas Papagueno não consegue sequer ficar calado. Acaba por ser expulso do templo. Pamina vai encontrar-se com o príncipe e não compreende que ele não lhe resposta.
Julga que Tamino não mais a ama, fica desesperada, pensa em suicidar-se com o punhal – mas é impedida pelos três gênios. Volta ao templo e tem permissão para acompanhar Tamino nas suas últimas provas: a do fogo e a da água – o que os dois conseguem superar com sucesso, protegidos pelo som da flauta mágica.
Vagueando pelos bosques, Papagueno, inconsolado e cômico, pensa também no suicídio, mas também ele é salvo pelos três gênios. Sugerem-lhe que ele, Papagueno, toque o seu carrilhão mágico: ao som do instrumento aparece-lhe o que mais desejava: uma companheira.
Na escuridão da noite chegam a Rainha da Noite e o seu séqüito, guiados agora por Monostatos, que se aliou contra Sarastro, ante a promessa da mão de Pamina. Vão destruir o templo e matar Sarastro e os sacerdotes. Mas estes irrompem com um poder descomunal e aniquilam as pérfidas criaturas. Pamina e Tamino casam-se com grande pompa e com muitas congratulações pela sua coragem, fidelidade e virtude”.
O libreto fascinou tanto o rosa-cruz Goethe que ele se propôs a fazer com ele o mesmo que fizera com a sua obra-prima Fausto: escrever uma segunda parte. Em resumo, a história é essa.
Comecemos o estudo pelo simbolismo do número das personagens: são nove. Dentro da simbologia gnóstica, o número é chave para a compreensão de múltiplos mistérios, tanto no microcosmos quanto no macro.
O príncipe Tamino é verdadeiramente o herói da história. Ele representa a todos os Iniciados (homens e mulheres), que realizam em carne própria a Grande Obra, a Magnus Opus. Logo nos primeiros acordes surge Tamino numa situação incrível: a fugir de um dragão (uma serpente, no texto original). Essa Serpente-Dragão representa as forças caóticas da natureza, as forças do Ego. A representação de uma personagem de Mozart é sempre feita de modo que qualquer pessoa a compreenda de imediato.
As primeiras palavras de Tamino, que grita por socorro, é um autêntico aviso do autor de que vamos entrar num território, inédito aos olhos do não-iniciado. Reside aqui precisamente a falta de compreensão desta obra musical. É que ela trata de segredos iniciáticos, que não são do conhecimento vulgar.
A segunda personagem é a princesa Pamina. Tamino, o príncipe, apaixona-se ao ver o seu retrato. Muito se tem escrito sobre esta dualidade, Tamino-Pamina. Quando Tamino vê o retrato, canta uma ária lindíssima. Serviu de fundo musical ao filme O Enigma de Kaspar Hauser. Pamina representa nossa Alma Divina, a Consciência, adormecida e presa pelo Ego e pela Mente.
A 3ª personagem é Papagueno. É a mais exótica, popular e sedutora. É o caçador de pássaros. É o “cão” que guia o cavaleiro, é o instinto que nos auxilia a trilhar corretamente o Caminho.
A 4ª é Monostatos, o criado mouro. (No filme, a cena entre Monostatos e Pamina foi alterada em relação ao original. Bergman substituiu as ameaças e a tentativa de Monostatos apunhalar Pamina por uma única, curta e sibilante entrada do mouro, muito no seu estilo.)
A 5ª, 6ª e 7ª personagens são as três crianças, os 3 Reis Magos, os dois Vigilantes e o Guardião da Maçonaria. Guiam Tamino, informa-no como deve escolher e as atitudes de firmeza que devem adotar, mesmo as de obediência. Quando Pamino pensa no suicídio, essas personagens fazem a ele ver que não conhece verdadeiramente a situação e a inutilidade do seu tresloucado ato.
O mesmo acontece a Papagueno, a quem explicam que nem tudo está perdido e ainda há alguma coisa por que lutar.
7ª, 8ª e 9ª personagens são a Rainha da Noite e Sarastro.

A Explicação Esotérica

A Flauta Mágica inicia-se com três acordes majestosos, que se referem aos três passos ou graus fundamentais de todos os ensinamentos iniciáticos, e também aos 3 degraus de todos os altares místicos. O terceiro acorde corresponde aos três toques do candidato, quando a procura a porta do templo. A esses acordes segue-se, no original, uma marcha solene, preparada para instrumentos de metal, que simboliza o caminho a percorrer pelo Candidato, pelo Aprendiz.
O caminho é longo e o trabalho, cansativo. Mas o aspirante digno chega ao ponto culminante e torna-se um Iniciado. Na abertura, descrevem-se vários processos pelos quais a Pedra Bruta se transforma numa pedra trabalhada e viva. A abertura finaliza com a repetição das três pancadas ou acordes. Essa cena desenrola-se no Egito, num campo aberto, perto do Templo de Ísis. Tamino, quando entra em cena, é perseguido por um dragão, símbolo dos desejos inferiores, egóicos.
Faz uma prece e cai inconsciente. Surgem três jovens cobertas por véus. Simbolizam a purificação do corpo físico, do corpo de desejos e da mente, são os mesmos símbolos dos 3 cravos da cruz crística (os 3 graus de purificação pelo Fogo da Kundalini). A morte do dragão indica que Tamino alcançou a vitória sobre sua própria natureza inferior.
Tamino e Papagueno encontram-se. Logo depois surgem as três jovens que repreendem Tamino por reivindicar a morte do dragão, porque na verdade quem mata o Dragão não somos nós, mas uma força sagrada superior à mente. (Que Força será esta?) Dão a Tamino o retrato de Pamina, a filha da Rainha. Pamina representa a natureza espiritual do ser humano, Budhi, a Bela Adormecida ou a Consciência Espiritual, que é correntemente representada por uma figura feminina – como vemos nos textos de Salomão e de Camões.
Quando o discípulo se aperfeiçoa na busca e começa a sentir a maravilhosa beleza superior, se lhe dedica e consagra, realiza-se o que chamamos bodas místicas ou bodas de Canaã.
As três jovens informam a Tamino que foi escolhido para libertar Pamina, subjugada pela magia negra. Há um ensurdecedor barulho e surge a Rainha da Noite. Com palavras extremamente solenes relata o desaparecimento de Pamina, sua filha. Reconhece a piedade e sapiência de Tamino que considera capaz de a salvar. O cenário escurece de novo. É então que no aspirante se começa a desenvolver a clarividência.
Esta visão permite-lhe ver os mundos internos ou superiores. A pergunta que Tamino faz é a mesma de todos os aspirantes: “É verdade aquilo que vejo? Ou será apenas ilusão?”. O segundo ato começa com uma marcha solene, com música para instrumentos de sopro. Os sacerdotes, acompanhados por Sarastro, querem saber qual o objetivo da vinda de Papagueno.
Este responde-lhe que não se preocupa com a sabedoria, que apenas lhe interessa comer e beber. Tamino, por seu lado, deseja a sabedoria e, também, unir-se a Pamina. Há poucas pessoas, como Tamino, dedicadas ao serviço da Sabedoria! As três jovens experimentam Tamino, tentando-o convencer de que Sarastro lhe prepara uma traição. Tamino nega-se a ouvi-las.
É que em tempos de crise as forças unem-se para impedir o espírito de alcançar a luz e confundi-lo, separando-o da fonte de sabedoria. O segundo ato, na sua maior parte, é dedicado às provas do Aspirante. Esta cena termina com uma magnífica ária de Sarastro.
Cada instituição que se dedica ao estudo das leis divinas cria uma força dinâmica que pode ser utilizada para construir ou destruir. É da máxima importância que cada grupo aprenda a pôr em prática a seguinte regra: “viver e deixar viver”. A prudência é a melhor arma para combater qualquer tendência para a bisbilhotice, ciúmes, inveja ou ódio. Se isso for negligenciado, haverá discórdias, dissidências e, por fim a destruição.
As jovens oferecem-lhe então uma flauta mágica, o símbolo dos poderes latentes do espírito, da divindade adormecida no homem. (Lembre-se da flauta de Krishna, com 7 orifícios, e que ele utilizava para encantar bestas, homens e deuses.) O mago negro, Monostatos, símbolo dos poderes do espírito usados incorretamente, arrasta Pamina. Atira-a para um caldeirão e ordena a três escravos que a prendam.
Os três escravos são os corpos internos inferiores (de desejos, mental e causal), chamados também de Os 3 Demônios (Judas, Pilatos e Caifás), relacionados com os prazeres inferiores, com o medo e a ignorância.
Quando o cenário muda, veem-se três templos: o da Razão, à direita; o da Natureza, à esquerda e o da Sabedoria, no meio. Os três templos representam as três forças distintas: a masculina, a feminina e a união de ambas, isto é, a força masculina, a beleza feminina e a sabedoria, que é filha das duas. Representam também as Três Montanhas, ou graus de liberação absoluta do Mestre: a Montanha da Iniciação, a da Ressurreição e a da Ascensão.
Aparece depois um sacerdote idoso e Pamino sabe que está no Templo de Sarastro, o Sacerdote do Sol, o mago branco ou o Iniciado-Condutor. Explica-lhe que vivemos cercados de estímulos aos quais se reage conforme a espiritualidade que se tem. É assim que tem de começar o trabalho de autoaperfeiçoamento.
A lei fundamental diz que a verdadeira ação esotérica só pode ter sucesso se for baseada na união com o espírito. A pedra fundamental de todas as sociedades ocultistas iniciáticas pode ser encontrada nas palavras de Sarastro: “Nestas amplas galerias não se conhece vingança”, que não são, afinal, mais do que a repetição daquelas que lemos nas obras dos grande iniciados.
A cena final começa numa quase total escuridão. A Rainha da Noite aproxima-se de Monostatos, que leva uma tocha. Ouve-se um grito de pavor e surge Sarastro e os sacerdotes, Pamina e Tamino.
Nesta ópera, Mozart descreve a senda do candidato, que procura a luz, “pobre, nu e cego” (como todos nós, míseros seres adormecidos). Demonstra os passos do Caminho, as suas Provas, nas quais se prepara o espírito para se tornar digno de entrar no Templo (Interior), naquele templo verdadeiro, que é feito sem ruído de pedra nem de martelo, em que a luz do Conhecimento (Gnose) permanece eternamente.

A EXPERIÊNCIA TRANSPESSOAL


"Assinalemos o mal-estar da humanidade perante a perspectiva da sua própria destruição; diante desta angústia, é cada vez maior o número de pessoas que fazem, a si próprias, as perguntas fundamentais sobre o sentido da existência e o lugar do ser humano no cosmos. E quando a pergunta se torna crucial e invade toda a existência de um indivíduo, poderá deflagrar nele, por um processo que se nos escapa, a entrada nesse estado de consciência cósmica.
Este tipo de pesquisa pertence, actualmente, a um novo ramo da psicologia: a Psicologia Transpessoal.

Nascida na Califórnia em 1969 como a quarta revolução da Psicologia, resultante do movimento da Psicologia Humanista, podemos citar, entre os seus precursores, os pioneiros da Psicologia moderna, como William James, Carl Gustav Jung – que cunhou o termo “transpessoal” – e Abraham Maslow2.
Este último descobriu que 70% das suas/seus alun@s haviam passado, ao menos uma vez na vida, por aquilo que ele denominava uma experiência culminante ou de ápice (peak experience) que @s levou a descobrir os valores do Ser, tais como o amor, a beleza, a integridade, a totalidade, a plenitude, valores preferidos por el@s àqueles ligados à mera satisfação do desejo.

Maslow mostra-nos que se trata duma aspiração normal de todo o ser humano, de natureza instintiva, cuja repressão ou privação, comuns na nossa época, possui efeitos patológicos, da mesma forma que a ausência de vitaminas.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA EXPERIÊNCIA TRANSPESSOAL
Análises rigorosas e de natureza intercultural do conteúdo de testemunhos permitiram a elaboração dum perfil do conjunto:

- a vivência do espaço como abertura do Ser;
- a vivência duma luz intensa;
- o carácter inefável: não há palavras para traduzir a sua beleza, poder e natureza;
- o carácter imediato e súbito: a experiência “acontece” no momento em que menos se espera;
- a dissolução de toda a espécie de dualidade: sujeito-objeto, interior-exterior, bem-mal, verdadeiro-falso, sagrado-profano, relativo-absoluto etc.;
- a dissolução das três dimensões do tempo e a tomada de consciência do seu valor relativo, ligado ao carácter discriminativo do pensamento e da memória;
- a inexistência dum eu ou ego;
manifestações de ordem parapsicológica acompanham a vivência ou manifestam-se posteriormente a ela: fenómenos de clarividência, telepatia, psicocinesia, encontro de seres noutra dimensão, experiência de saída do corpo físico. Convém fazer algumas observações relativamente às manifestações parapsicológicas: se bem que elas frequentemente ocorram durante ou após os estados transpessoais, e constituam o apanágio de numerosos, senão de tod@s @s místic@s, não convém considerá-las como características transpessoais. Por um lado por implicarem todas um sujeito e um objeto, o que significa dizer que são de natureza dualista. Por outro, porque os fenómenos parapsicólogicos surgem muitas vezes em pessoas que não tiveram nenhuma outra manifestação de ordem transpessoal, possuindo, por vezes, uma ética pouco recomendável.
Os grandes mestres, aliás, não lhes atribuem nenhum valor e recomendam aos seus e às suas discípul@s não lhes darem importância.
Insistimos neste ponto porque há uma grande confusão a esse respeito; confunde-se o parapsicológico e o transpessoal.

- vivências regressivas,
- visão “como num filme” de fases da vida passada, do nascimento e da vida intra-uterina, de memórias ancestrais, reencamatórias, animais, vegetais, minerais, celulares, moleculares, atômicas e subatômicas;
- a convicção de ter Vivido a “realidade” tal como ela é;
- mudanças de sistema de valores e de comportamento posterior;
- perda do medo da morte"
 
 
PIERRE WEIL, in "Antologia do Êxtase", Ed. Palas Athena

A Consciência de Massa



”Uma das verdades mais fundamentais - e no entanto mais difíceis de compreender - é a de que as pessoas vivem todas em diferentes níveis de consciência. Não se assimila esse Ensinamento nas suas mais profundas implicações apenas lendo ou pensando sobre ele; há que observar a maneira como as pessoas agem, pensam, falam, sentem, reagem, vivem. O que lhes ocupa o pensamento. Como usam o tempo. O que as preocupa. Os objetivos que têm na vida. Aquilo de que falam. E então torna-se evidente que todas vivem em diferentes níveis de consciência e, até, o nível de consciência em que vivem.

A grande maioria da Humanidade vive num nível biológico-social instintivo. Nesse nível, as pessoas são condicionadas pelos valores vigentes e pela mentalidade comum. As suas identidades são uma mera extensão das normas, crenças, costumes e tabus da sociedade em que nasceram. Vivem polarizadas na sobrevivência e, se possível, na acumulação de dinheiro, poder e estatuto. No mínimo, precisam de um emprego seguro e um parceiro para acasalar e reproduzir-se. Odeiam a solidão.

Não têm ideias ou pensamentos originais; falam do que toda a gente fala, têm as opiniões que os meios de comunicação, os líderes de opinião e o status quo querem que tenham. Lêem jornais desportivos e revistas sobre programas de televisão, falam sobre pessoas e acontecimentos triviais do dia-a-dia. Gostariam que o mundo mudasse mas não começam por si próprios. Não questionam o que lhes é dito; se os seus líderes lhes dizem que os afegãos são maus e os astrólogos mentirosos, então os afegãos são maus e os astrólogos mentirosos. Assim, bovinamente, sem sequer investigarem o assunto. Consomem bens e serviços de que não precisam de fato e cujo único valor é o próprio ato de serem adquiridos e o estatuto que lhes está associado - na ilusão de que serão mais no dia em que tiverem mais. Vivem vidas inteiras repetindo os mesmos padrões mentais e emocionais, submersos na sua própria subjetividade e incapazes de se verem objetivamente. Não fazem ideia do que são "energias", "arquétipos" ou "padrões". Não fazem ideia de que a vida é um processo de crescimento e desenvolvimento pessoal e não uma luta pela sobrevivência.

São os autómatos de que o sistema precisa para assegurar a sua reprodução e a manutenção das suas próprias estruturas. Constituem a "consciência da massa". Libertarmo-nos da consciência da massa tem um preço muito alto. Porque os valores da sociedade são redutores, mas dão segurança - a mesma segurança que um rebanho dá a uma ovelha. Evoluir para outro nível de consciência implica questionar e pensar por si mesmo; implica ser incompreendido e ridicularizado por quem não vê mais longe. Implica conviver com as conversas ocas, mecânicas, de quem nos rodeia. Implica ser livre. E a sociedade não gosta de indivíduos livres, porque são uma falha no sistema e um mau exemplo para os autómatos - e esses é que fazem falta, para que tudo isto funcione..."

                                                                                   Autoria: Nuno Michaels

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Eu, quando visto pelo outro

Quem sou eu? Eu vivo pra saber. Interessante descoberta que passa o tempo todo pela experiência de ser e estar no mundo. Eu sou e me descubro ainda mais no que faço. Faço e me descubro ainda mais no que sou. Partes que se complementam.

O interessante é que a matriz de tudo é o "ser". É nele que a vida brota como fonte original. O ser confuso, precário, esboço imperfeito de uma perfeição querida, desejada, amada.
Vez em quando, eu me vejo no que os outros dizem e acham sobre mim. Uma manchete de jornal, um comentário na internet, ou até mesmo um email que chega com o poder de confidenciar impressões. É interessante. Tudo é mecanismo de descoberta. Para afirmar o que sou, mas também para confirmar o que não sou.

Há coisas que leio sobre mim que iluminam ainda mais as minhas opções, sobretudo quando dizem o absolutamente contrário do que sei sobre mim mesmo. Reduções simplistas, frases apressadas que são próprias dos dias que vivemos.

O mundo e suas complexidades. As pessoas e suas necessidades de notícias, fatos novos, pessoas que se prestam a ocupar os espaços vazios, metáforas de almas que não buscam transcendências, mas que se aprisionam na imanência tortuosa do cotidiano. Tudo é vida a nos provocar reações.


Eu reajo. Fico feliz com o carinho que recebo, vozes ocultas que não publico, e faço das afrontas um ponto de recomeço. É neste equilíbrio que vou desvelando o que sou e o que ainda devo ser, pela força do aprimoramento.

Eu, visto pelo outro, nem sempre sou eu mesmo. Ou porque sou projetado melhor do que sou, ou porque projetado pior. Não quero nenhum dos dois. Eu sei quem eu sou. Os outros me imaginam. Inevitável destino de ser humano, de estabelecer vínculos, cruzar olhares, estender as mãos, encurtar distâncias.


Somos vítimas, mas também vitimamos. Não estamos fora dos preconceitos do mundo. Costumamos habitar a indesejada guarita de onde vigiamos a vida. Protegidos, lançamos nossos olhos curiosos sobre os que se aproximam, sobre os que se destacam, e instintivamente preparamos reações, opiniões. O desafio é não apontar as armas, mas permitir que a aproximação nos permita uma visão aprimorada. No aparente inimigo pode estar um amigo em potencial. Regra simples, mas aprendizado duro.


Mas ninguém nos prometeu que seria fácil. Quem quiser fazer diferença na história da humanidade terá que ser purificado neste processo. Sigamos juntos. Mesmo que não nos conheçamos. Sigamos, mas sem imaginar muito o que o outro é. A realidade ainda é base sólida do ser.



Padre Fábio de Melo
06/11/2008

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Uma Grande Sinfonia...


"Schopenhauer (...) assinala quando a pessoa chega a uma idade avançada e evoca sua vida, esta parece ter seguido uma ordem e um plano, como se fosse criada por um romancista. Acontecimentos que na época pareciam acidentais e irrelevantes manifestavam-se como fatores indispensáveis à construção de uma trama coerente.

Quem compôs essa trama? Schopenhauer sugere que, assim como nossos sonhos abrangem aspectos de nós mesmos desconhecidos por nossa consciência, toda nossa vida é composta pela vontade que há dentro de nós. E assim como pesoas conhecidas por acaso transformam-se em agentes decisivos na estruturação de nossa vida, nós também servimos inadvertidamente como agentes, dando sentido a vidas alheias.

A totalidade desses elementos une-se como em uma grande sinfonia, e tudo se estrutura inconscientemente (...) o sonho grandioso de um único sonhador, onde todos os personagens do sonho também sonham...

Todos os elementos mantêm uma relação mútua, e assim não podemos culpar ninguém por nada. É como se houvesse uma intenção única atrás de tudo isso, uma intenção que sempre adquire certo sentido, embora nenhum de nós saiba qual é ou se viveu a vida que se propunha a viver".


Autoria: Joseph Campbell; Los Mitos
Citação feita por: Eduardo Zancolli; O Mistério das Coincidências

Exercícios Para Combater O Estresse


12 minutinhos e pronto!Sabia que basta alguns poucos exercícios diários para prevenir problemas, entre eles o stress? A ginástica lian gong exige só 12 minutinhos para botar a ansiedade na lona.

O método, com 18 movimentos, foi desenvolvido na China pelo médico Zhuang Yuen Ming e ganhou o mundo. Em Suzano SP, uma lei municipal regularizou a terapia como tratamento complementar em casos de hipertensão.
Para ver todos os movimentos, entre no site http://www.rafataichi.com.br/. Confira sugestões:
Abrir asas – De pé, dobre os braços como se quisesse imitar um pássaro. Levante os cotovelos na altura dos ombros e relaxe.
Empurrar o céu – Curve-se para frente e toque os pés com as mãos unidas, tentando não dobrar os joelhos. Em seguida, levante o tronco e os braços até suspendê-los acima da cabeça.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011



Deve todo homem obedecer a sua consciência, ainda que imperfeita seja a sua obra; pois assim como do fogo se desprende a fumaça, assim tudo quanto o homem faz é contaminado de culpa.
Só alcança perfeita liberdade  e transcendente serenidade aquele que, sem interesse e no espírito de  renúncia, executa o seu trabalho e não deseja recompensa alguma.
Ouve agora, ó filho da terra, como o sábio que encontrou paz verdadeira alcança perfeição em Brahman, o Ser Supremo, e entra na beatitude da existência pela compreensão.
O homem que realizou sa sua purificação mental é inteiramente devotado a mim, firmemente consolidado na Verdade, senhor de si mesmo, livre de apego  e de aversão.
Quem vive num ambiente de pureza e harmonia, comendo moderadamente, controlando o corpo, a língua e a mente, e com a consciência focalizada no verdadeiro Eu, mediante a contemplação espiritual - esse está firmemente estabelecido na serenidade da renúncia.
Isento de agoísmo, violência, ganância e cobiça, desapegado do "eu" e do "meu", sereno e calmo dentro de si mesmo - este homem se torna um com Brahman.
E integrado no espírito de Brahman, alcança o seu Eu divino, o eterno descanso; já não chora por nada, não tem desejo de nada, não luta por nada, não tem cobiça de coisa alguma.
Porque dentro de si possui tudo. Quando o homem se integra em mim é um comigo; dele é minha Grandeza, meu Poder, meu Ser, minha Vida, minha Sabedoria, minha Beatitude.
E ainda que esse homem peregrine na Terra, em corpo terrestre, persevera firme na minha graça, e por meu poder encontra a sua meta.

Bhagavad Gita, cap. 18, 47-56

O TER NÃO PREENCHE O SER


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Na maioria das vezes, vivemos insatisfeitos com o que possuímos, com o que somos, sentimos certo vazio e na ânsia de preenchê-lo   achamos que a solução está na aquisição de algo material . Buscando no que o outro tem, pensamos com nossos botões:  Como ele consegue e  eu não!
Sentimentos como inveja, insegurança, carência afetiva, medo, raiva nos invadem sem nos darmos conta. Desprovidos de amor  não relaxamos, não deixamos fluir, queremos controlar tudo à nossa volta como se tivéssemos o poder para isso, como seres onipotentes à custa do que temos. O buraco do amor é preenchido por estes sentimentos, que aos poucos minam a alma, dando espaço às doenças do corpo e da mente.  Adoecemos...
Temos medo desse vazio, de uma auto-análise mais profunda e  do encontro com si próprio. É difícil perceber que muito desse vazio é criado por nós, por estes sentimentos negativos que não podemos ou não queremos admitir. É difícil mesmo fazer uma auto-análise e sermos imparciais conosco, isso implicaria sair da acomodação, mas  a busca do autoconhecimento só é válida quando há aceitação e transformação....
O desejo de apegar-se às coisas materiais como fonte de felicidade gera ansiedade cada vez mais crescente, pois com o tempo, há a frustração, o vazio continua e a ansiedade aumenta. O ser humano parte em busca de novas aquisições.
Nada contra progredir financeiramente, faz parte de nossa evolução neste planeta, mas sem levar em conta a evolução espiritual não haverá felicidade, não deve haver apego. Nem   às pessoas e animais queridos que se vão... É preciso muito amor e desprendimento para deixá-los ir quando chegar a sua hora. Dói, mas a vida é assim, uma  constante morte e renascimento. Pois a morte não existe, existe a renovação, a mudança de um estado para outro. 
O ser humano busca um eterno estado de felicidade, mas mal consegue lidar com as dificuldades do caminho. Aprendi que  a felicidade não faz parte de um estado permanente, tal como os momentos difíceis passam, ela também  passa.
“Quanto mais coisas você tem, mais terá com o que se preocupar”, segundo Buda. O ser humano,  fruto da sociedade consumista,  age sem pensar, influenciado pela mídia, pelo meio, pelos outros, pelos modismos...
Quanto mais apego, mais sofrimento, frustração e ansiedade.
Falta um olhar para si, para dentro, as respostas estão todas lá, “só a verdade vos libertará”.
 - Patrícia Melo -