Como é triste e amargo, para o observador que está despertando a sua consciência, ver o mundo dos que dependem exclusivamente de sua mente. Em todas as partes vemos pessoas especulando, debatendo e discutindo a realidade esotérica e os mistérios iniciáticos exatamente como faz um grupo de repórteres ao discutir e debater o jogo da seleção brasileira na Copa América.
É espantoso notar o quanto a discussão intelectual/conceitual é vazia, superficial e inútil no terreno do espiritual, do esotérico, do transcendental. Aqui, nesse campo, ou se tem experiência própria e direta, ou se é um papagaio repetindo estudos, idéias e conclusões alheias sem saber o que está falando. Quem está despertando a sua consciência, simplesmente foge dessas rinhas intelectuais porque já compreende que, quando se trata da verdade, o silêncio é o melhor discurso. Mas os intelectuais se encantam com essas coisas.
Despertar a consciência é um trabalho meticuloso, paciente, que demanda muita dedicação e esforço voluntário. Geralmente, são anos e anos de dura disciplina mística, com milhares de horas de meditação e mantralizações somadas ao esforço permanente de não se deixar arrastar pela correnteza da vida que oferece hoje facilidades e prazeres mil.
Atrevo-me a dizer que mais de 95% dos que se dizem ou se crêem esotéricos, assim o dizem e assim o crêem simplesmente porque lêem livros esotéricos. Ou seja: para a quase totalidade das pessoas atraídas pelo esoterismo, pelo espiritual, pelo transcendente, seu único trabalho prático consiste em ler - e quanto mais lêem, mais crêem que estão avançando em algum suposto caminho de evolução mística ou de auto-realização íntima. Sim, porque a mente projeta ilusões místicas e se auto-engana com suas próprias fantasias - pelo simples motivo de que a mente não sabe distinguir o real do imaginário.
Justamente aqui está o drama. Como fazer para que as pessoas "acordem" para a realidade do Caminho Espiritual? O que fazer para motivar esses milhares de leitores a sair de seus sofás e de suas poltronas de leitura? Quê subterfúgios ou estratégias se podería usar para levar alguém a trocar os livros pela meditação interior que leva à auto-iluminação? Que instrumento utilizar para golpear os sentidos adormecidos dessas criaturas que vêm e vão ao mundo samsárico e trazê-las ao que é real de verdade?
É uma tarefa titânica, a qual se lançaram os Cristos, Buddhas, Avatares, Mensageiros, Profetas, Enviados, Lanus e Chelas em todos os tempos, épocas, culturas e cenários. Mesmo assim, com o sacrifício pessoal desses super-heróis cósmicos, a humanidade continua indiferente e adormecida. Pior ainda: não se limita à indiferença. A humanidade odeia de morte os Cristos, os Buddhas, os Avatares, os Mensageiros, os Profetas, os Ungidos, os Iluminados, etc.
Em nossas peregrinações temos observado a presença de pessoas em sincera busca nas mais distintas comunidades. Mas vemos também que ali tudo que encontram é uma babel de idéias e sistemas, onde se misturam a verdade e a fantasia, o fogo e a fumaça, Deus e o diabo. Uma alma, uma Essência ainda não forjada pelas provas iniciáticas, não tem condições de discernir o caminho reto da via espiralada - visto que, no início, ambas se parecem.
Pior ainda: mesmo que essas Essências encontrem algum refúgio seguro e uma orientação correta e adequada, depara-se então com seu/nosso lamentável estado psicológico interior, diante do qual já nem mais forças para mudar conseguimos reunir e sustentar. Por isso mesmo, ao longo dos anos temos visto milhares e milhares iniciarem e desistirem. Por absoluta inanição espiritual.
Sem dúvida, é um quadro desolador... E não há nada, absolutamente nada a ser feito. Porque, no Caminho da Iniciação Branca, ninguém pode obrigar ninguém a coisa alguma. Só podemos esperar que algum dia, em algum momento, haja um "chispaço" de consciência e o buscador caia em si e veja seu equivocado estado interior.
Por: karl Bunn, com a nossa gratidão.
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