Quem me elegeu julgador, sábio ou seguro de mim? Provavelmente não tem a menor ideia do que se passa em meu íntimo. Não sabe de minhas dúvidas, minhas incertezas e do inconsciente em mim. O outro é um presente a ser conhecido e bem cuidado. Cuido também da tarefa de ser eu mesmo. Isso é muito delicado, dá trabalho e é difícil. Trato-me como uma prima obra, cuidadosamente delineada, para a glória de seu Criador. Saber que sou um Espírito imortal me alivia, mas não me basta; ainda ficam o mistério e a dúvida sobre questões que me parecem insolúveis. Não sofro nem me angustio, pois o futuro eu próprio o construo. Trata-se da inquietação da alma diante do existir em si mesmo. Resta-me viver; viver intensa e apaixonadamente, sem medo de arriscar-me na busca pelo significado. Dobro-me diante do sentimento que não me obedece o curso das ideias; sentimento que teima em permanecer exigindo atenção e realização. Que bom que é possível amar. Pelo menos há algo inquestionável quando se sente.
- Por Adenáuer Novaes -
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