Às vezes oiço rir, e 'ma agonia
Queima-me a alma como estranha brasa.
Tenho ódio à luz e tenho raiva ao dia
Que me põe n'alma o fogo que m'abrasa"
Tenho sede d'amar a humanidade...
Eu ando embriagada... entontecida...
O roxo de meus lábios é saudade
Duns beijos que me deram noutra vida!
Eu não gosto do sol, eu tenho medo
Que me vejam nos olhos o segredo
De só saber chorar, de ser assim...
Gosto da noite, negra, trsite, preta,
Como esta estranha e doida borboleta
Que sinto sempre a voltejar em mim!
- Florbela Espanca. -
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