É fundamental liberar-se da culpa, assumindo o compromisso de, além de não mais cometer o ato gerador, principalmente aceitando verdadeiramente toda e qualquer conseqüência que possa advir do que quer que tenha feito. Sentir-se culpado e não fazer nada que possa impedir a recidiva da atitude é estar à mercê da possibilidade da instalação de obsessões. Fazer alguma coisa é aprender como resolver o problema anterior que provocou a culpa, de outra maneira que não agrida a si mesmo nem a outrem. Geralmente as culpas decorrem da sanção interna oriunda dos valores morais da pessoa, da educação rígida e repressora que se teve, do medo de conseqüências danosas ao ego advindas por força da lei do carma, bem como de circunstâncias aversivas de outras vidas que ainda não foram resolvidas. É preciso entender que não se paga carma passado. Na verdade se aprende o que não se sabia. Não reencarnamos para pagar ou ressarcir, mas para nos educar quanto ao nosso processo evolutivo. Pagar débitos é uma interpretação enviesada do processo evolutivo de acordo com a noção antiga de pecado e de bem e mal. Enquanto se aprende se corrigem distorções vividas no passado. A correção do passado não é objetivo da reencarnação, mas sim a educação do Espírito quanto às leis de Deus. Pode-se ter carma positivo ou carma negativo, isto é, pode-se retornar a um novo corpo com qualidades já aprendidas, que significam créditos, ou com déficit de capacidades, o qual é resultante dos equívocos cometidos. O que se conhece como carma significa ação e reação simultâneas, já que não existem isoladas. O chamado carma positivo é aquele a cuja ação corresponderá uma reação passiva, isto é, algo vem de retorno em benefício. O chamado carma negativo é aquele cuja ação exigirá uma reação ativa, isto é, seu agente deverá atuar para merecer algo melhor para si. É importante, no processo de autoconhecimento, não assumir culpa ou responsabilidade por atos de que não nos lembramos ter cometido. Às vezes, por querermos ficar em paz com alguém, ou com espíritos que nos atormentam, pedimos perdão por equívocos do passado que não nos lembramos ter cometido. Isto pode soar falso, pois o perdão não modificaria nada no psiquismo, pois não há base que necessite ser alterada. O melhor seria esclarecer à pessoa, encarnada ou desencarnada, que não nos lembramos, portanto, não há porque pedir perdão, e que, hoje, se estivéssemos diante das mesmas circunstâncias por ela apresentada, não tomaríamos semelhante atitude que foi dita que tomamos. Deve-se pedir perdão quando se reconhece a responsabilidade pelo ato cometido, prometendo inclusive não mais fazêlo. Perceber um sentimento de culpa em si próprio pode favorecer o reconhecimento da sombra. A culpa evoca uma questão moral por resultar de uma atitude incompatível à conduta e aos valores conscientes. Ao sentir-se culpado, é preciso observar qual o aspecto da sombra que foi revelado (inveja, maldade, perceber-se capaz de ações repulsivas,...) e refazer a auto-imagem, integrando tais conteúdos. Ninguém é obrigado a ter sido sempre bom e correto. Deve-se considerar as circunstâncias, a época e a cultura. Aceitar a execução dos erros como características naturais do humano e propor-se ao aprimoramento interior são os caminhos para libertar-se de qualquer culpa.
Adenauer Novaes, in
Adenauer Novaes, in
- Psicologia e espiritualidade -
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