"Meu filho Felipe é autista. Ele é um garoto feliz e brincalhão. Mas não foi sempre assim. Quando completou 1 ano e 8 meses, entrou num processo regressivo. Foi perdendo as palavras e as brincadeiras que havia aprendido até então. Era como se eu estivesse perdendo o meu filho." O depoimento é da médica Simone Pires, de 33 anos. Ela chegou a ouvir de um neurologista que Felipe seria incapaz de formar vínculos afetivos e que o melhor seria que o menino ficasse em casa, trancado em seu próprio mundo. Felipe hoje tem 5 anos. Freqüenta a escola, tem amigos, pratica natação. Desde os 2 anos, submete-se a um tipo de terapia comportamental, a ABA (sigla em inglês para Análise Aplicada do Comportamento), criada para tirar o autista do isolamento em que vive e promover a sua inclusão na sociedade. Por meio dela, ensina-se o autista a desenvolver habilidades, como brincar e interagir com amigos, olhar nos olhos de quem lhe fala, demonstrar afeto. Recentemente, para aplacar a angústia da avó depois de um susto, Felipe beijou-a e disse: "Passou. Passou". Até pouco tempo atrás, esse comportamento seria inimaginável para um autista. O progresso de Felipe é resultado dos avanços conquistados no diagnóstico e no tratamento do distúrbio, sobretudo na última década.
Hoje é possível saber se uma criança de 3 meses sofre de autismo, um tipo de perturbação que faz com que ela não interaja com o mundo exterior. O diagnóstico é feito por intermédio de testes de comportamento e questionários respondidos pelos pais. Quanto antes iniciado o tratamento, melhores são os prognósticos. Algumas crianças respondem melhor, outras nem tanto, mas sempre haverá algum ganho com a intervenção precoce. Em alguns casos, como o de Carolina, de 4 anos, o sucesso é praticamente completo. Do silêncio e da reclusão absoluta em que viveu até um ano e meio atrás, a menina passou a conversar com fluência impressionante. Seu desenvolvimento cognitivo e social a levou a níveis bastante próximos dos de uma criança sem problemas.
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